A organização não governamental Repórteres Sem Fronteiras divulgou seu relatório anual sobre a liberdade de imprensa nesta sexta-feira (3), revelando que o Brasil subiu dez posições e agora ocupa o 82º lugar entre 180 países avaliados. Essa melhoria significativa é atribuída à normalização do relacionamento entre jornalistas e o Poder Executivo. No primeiro ano do governo Lula, o Brasil subiu 18 lugares no ranking mundial. O país, que estava na 110ª colocação, teve evolução no índice e chegou ao 92º lugar.

Desde que Bolsonaro deixou a presidência, o Brasil subiu 28 posições no índice de liberdade de imprensa.

A entidade atribui a melhora na posição à saída de Jair Bolsonaro do poder, que “atacou sistematicamente jornalistas e veículos de comunicação”, diz um trecho do relatório.

De acordo com o diretor do escritório da entidade para a América Latina, Artur Romeu, “o Brasil tem confirmado expectativas de um cenário mais favorável para o exercício do jornalismo, na comparação com o governo Jair Bolsonaro”.

Esta mudança é marcante considerando que o país chegou a entrar na “zona vermelha” do ranking em 2021, pela primeira vez em 20 anos, ao lado de nações como Bolívia, Nicarágua, Rússia e Índia. Durante o governo anterior, o país era considerado de “situação difícil” para a imprensa devido aos ataques sistemáticos aos jornalistas e meios de comunicação, destaca a jornalista Patrícia Campos Mello.

Apesar da melhoria no Brasil, o relatório destaca que, em grande parte dos países, as condições políticas para o exercício da profissão pioraram. Entre os cinco indicadores que compõem a pontuação, o político foi o que mais caiu em 2024. “Em escala global, uma coisa é evidente: a liberdade de imprensa está ameaçada pelas mesmas pessoas que deveriam ser os seus garantidores: as autoridades políticas”, afirma o relatório.

Foto: Oliver Kornblihtt / Mídia NINJA

Argentina tem maior queda

A Argentina, por exemplo, teve a maior queda no ranking nas Américas, com uma redução de 26 posições. O presidente Javier Milei é citado por fazer ataques sistemáticos contra jornalistas e ameaçar asfixiar financeiramente a imprensa.

Entre os países com melhor colocação no ranking de liberdade de imprensa estão Noruega, Dinamarca e Suécia, enquanto na lanterna encontram-se Irã, Coreia do Norte, Afeganistão, Síria, Eritreia, Cuba, Nicarágua e Venezuela.

O ranking da organização é baseado em cinco indicadores: impacto político, social, econômico, marco legal e segurança sobre a profissão, e mede as condições para o livre exercício do jornalismo em 180 países do mundo.