A recente crise climática e as cheias sem precedentes no estado do Rio Grande do Sul têm deixado um rastro de destruição, especialmente em comunidades indígenas da região.

Um levantamento colaborativo revela que mais de 80 comunidades e territórios indígenas foram diretamente afetados, com alguns enfrentando situações de extrema gravidade. O estudo foi conduzido pelo Conselho Indigenista Missionário – Cimi Regional Sul, Comissão Guarani Yvyrupa (CGY), Fundação Luterana de Diaconia, Conselho de Missão entre Povos Indígenas e Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (FLD/Comin/Capa), e pelo Conselho Estadual dos Povos Indígenas do Rio Grande do Sul (Cepi/RS).

As comunidades dos povos Guarani Mbya, Kaingang, Xokleng e Charrua, espalhadas em 49 municípios gaúchos, estão entre as mais impactadas. Em áreas como Lami e Ponta do Arado, no município de Porto Alegre, e em Yva’ã Porã, em Canela, famílias inteiras precisaram deixar suas casas devido ao risco de alagamento e deslizamento de terra. A situação é particularmente grave em aldeias como Flor do Campo e Passo Grande Ponte, em Barra do Ribeiro, e Araçaty, em Capivari do Sul.

Entretanto, além da tragédia climática, algumas comunidades enfrentam ainda a violência institucional. Na aldeia Pekuruty, situada às margens da BR-290, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) destruiu casas e edificações sem consulta prévia ou justificativa, deixando os Guarani Mbya em situação de desabrigo.

Última atualização: 06/05/2024, às 16:00 Mapa: Conselho Indigenista Missionário (Cimi)Fonte: Levantamento conjunto feito por Cimi Regional Sul, Comissão Guarani Yvyrupa (CGY), FLD/Comin/Capa, Cepi/RS

Roberto Liegbott, missionário do Cimi Regional Sul, expressou preocupação com a situação: “Essa comunidade foi removida para que o DNIT pudesse consertar uma tubulação que passa ali e eles acabaram destruindo toda a comunidade indígena. Os indígenas no momento encontram-se em um abrigo, mas quando retornarem, a comunidade já não existirá mais, porque o DNIT destruiu tudo”.

A inundação persiste na região metropolitana de Porto Alegre, em municípios como Canoas, Esteio, Sapucaia do Sul, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Guaíba, Eldorado do Sul e Cachoeirinha, além de bairros da capital, especialmente nas zonas Norte e Sul, ainda sob alerta.

Diante dessa crise, as organizações indígenas e indigenistas fazem um apelo por solidariedade e assistência. Alimentos, material de higiene e limpeza, lonas, telhas, colchões e cobertores são urgentemente necessários. As doações podem ser feitas na Paróquia Menino Jesus de Praga, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Além disso, uma conta bancária está disponível para doações financeiras, facilitando o apoio às comunidades afetadas. Chave Pix: 566601e8-72b1-4258-a354-aa9a510445d1