Dois professores indígenas, Bruno Ferreira Kaingang e Rosani de Fátima Fernandes, serão integrados ao corpo docente da Faculdade de Educação (Faced) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Selecionados por concurso público voltado à educação para as relações étnico-raciais e educação indígena, ambos pertencem ao povo kaingang e assumirão seus cargos em maio.

A nomeação desses dois doutores indígenas simboliza um marco significativo na história da UFRGS, que pela primeira vez terá representantes dessa comunidade como professores efetivos. A inclusão é resultado do Programa de Pós-Graduação em Educação, que, desde 2016, implementou a reserva de vagas para candidatos autodeclarados pretos, pardos, indígenas, entre outros grupos vulneráveis.

Para Marcello Morais de Assunção, coordenador da área de Educação das Relações Étnico-raciais na Faced, a presença desses profissionais reflete a ascensão das pessoas indígenas nos espaços acadêmicos, o que promete revolucionar a universidade. A aula inaugural da professora Rosani está marcada para 10 de maio, aberta ao público, com o tema “Povos indígenas e a formação de educadores antirracistas”.

Rosani, natural de Santa Catarina, destaca a importância das ações afirmativas em sua trajetória e espera inspirar outros indígenas, especialmente mulheres, a trilhar caminhos no Ensino Superior. Com vasta experiência na educação escolar indígena e atuação na elaboração de políticas públicas, ela reconhece os desafios que enfrentará na universidade, mas vê na ocupação desses espaços uma oportunidade para promover a diversidade e o enfrentamento ao racismo.

Já Bruno Ferreira, o primeiro doutor indígena da UFRGS, defende que a presença dos povos indígenas no Ensino Superior contribui para o reconhecimento e valorização de seus saberes, promovendo uma sociedade mais equilibrada. Ele ressalta a importância da Educação Básica na autonomia dessas comunidades e vê sua atuação como docente como uma forma de fortalecer a identidade kaingang.

Além de Bruno, a UFRGS já formou outros doutores indígenas, evidenciando um movimento de inclusão e reconhecimento dessas comunidades na academia. Com a chegada de Rosani e Bruno, a expectativa é de uma universidade ainda mais plural e representativa, onde diferentes etnias e linguagens possam ser valorizadas e respeitadas.

Com informações de Sofia Lungui para a Gaúcha ZH