Na última segunda-feira, dia 22 de abril, o Brasil completou mais um ano da chegada dos europeus às nossas terras. São 524 anos de muito trabalho de pessoas negras, periféricas e marginalizadas pela sociedade. Pessoas sem as quais nem existiria Brasil. De 1502 a 1856, quando a Lei Euzébio de Queiroz que proibia o tráfico negreiro passou a ser efetiva, mais de 4 milhões de africanos foram escravizados para o nosso país.

Somos herança desse período tenebroso da nossa história, mas se existe um país que hoje se orgulha de ocupar a nona economia do mundo, é porque muitas pessoas negras e periféricas trabalharam, e muitas vezes de forma escravizada, para que o Brasil chegasse a ser o que é atualmente.

As trabalhadoras e trabalhadores brasileiros, durante muito tempo, tiveram que abrir mão dos seus lares, dos seus familiares e das suas vidas, para servir àqueles que, teoricamente, produziam riquezas, traziam dividendos para o país. Porém, com o passar dos anos, ficou evidente que a história não era bem assim, que as pessoas negras e periféricas eram, e são, as que produzem riqueza e sustentam o país.

Um levantamento realizado pelo Data Favela, em 2022, revela que, levando em consideração a capacidade econômica, as favelas agregam R$200 bilhões em movimentação de renda. Para fins comparativos, o valor supera o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado do Ceará, o 13º maior do Brasil.

Ao todo, segundo o Censo 2022 do IBGE, o Brasil conta com 17,9 milhões de pessoas moradoras de favelas, distribuídos em 5,8 milhões de casas nesses territórios. As favelas já contam com uma parcela considerável de empreendedores, mas a grande maioria são trabalhadores formais ou informais. Por falar em trabalhos formais, é bom reforçar que, em períodos mais prósperos para os trabalhadores brasileiros — como em 2014, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff — a taxa de desemprego atingiu 7% da população.

Por outro lado, em tempos sombrios — não tanto quanto o da escravização, mas de governo facista — essa taxa chegou a 20,8% (2020). Gostaria de enfatizar que esses são dados do próprio IBGE, não estou tirando esses números da minha cabeça. Nós sabemos quem eram as pessoas desempregadas naquele momento: pretos, pobres e moradores de periferias.

Mas a luz veio em 2023, com a taxa de desemprego voltando ao patamar de 2014, uma vez que mais uma vez o Partido dos Trabalhadores chegou ao poder executivo com nosso Presidente Lula. Atingimos a taxa de 7,8% de pessoas desocupadas no Brasil, isso com o levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) contando apenas as empresas privadas, e não empresas públicas e Organizações da Sociedade Civil (OSCs).

Precisamos repensar o valor que o trabalhador brasileiro tem na economia nacional. É necessário que cheguemos ao patamar das grandes potências mundiais, mas com valorização de quem realmente faz a economia brasileira girar. Neste dia Internacional do Trabalho, saúdo as pessoas negras e periféricas que desde 1500 carregam o Brasil nas costas.